sexta-feira, 28 de setembro de 2007


O que é a MONUCLEOSE INFECCIOSA ?

A mononucleose é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus, o Epstein Barr.
Afecta, habitualmente, adolescentes e adultos jovens. As crianças também são frequentemente afectadas, embora possam apresentar sintomas menos típicos da doençae.

Sim. A mononucleose transmite-se de pessoa a pessoa através de contactos íntimos. O vírus existe na saliva e é transmitido pelo beijo em adolescentes e adultos jovens (por isso a doença é conhecida como «doença do beijo» ou «doença dos namorados») ou pelo contacto entre crianças que partilham objectos contaminados com saliva.Excepcionalmente a transmissão da mononucleose pode ser feita através de uma transfusão de sangue contaminado pelo vírus.

O tempo que decorre entre o contacto com uma pessoa infectada com o vírus da mononucleose e o aparecimento da doença (período de incubação) é de trinta a cinquenta dias.

A mononucleose infecciosa evolui geralmente em duas fases, uma inicial que se caracteriza pelo aparecimento de sintomas gerais comuns a outras infecções virais e uma segunda fase com sintomas mais específicos da doença, que contribuem para o seu diagnóstico.Os sintomas gerais, que duram cerca de uma semana, são mal estar, dores de cabeça, dores musculares, dores de barriga, falta de apetite e fadiga.Na fase seguinte, a febre geralmente moderada (38º-39º) mas persistente, associa-se a dores de garganta e ao aparecimento de gânglios aumentados de volume no pescoço e, por vezes, nas virilhas e nas axilas. O fígado e o baço podem também estar aumentados de volume. Em alguns doentes aparece uma erupção na pele, constituída por manchas e pápulas de cor rosada no tronco e nas zonas dos membros mais próximas do tronco. O aparecimento da erupção é muito mais frequente quando os doentes foram medicados com um antibiótico ( Ampicilina ) que por vezes se utiliza no tratamento de infecções da garganta. Nas crianças pequenas, com menos de dois anos de idade, os sintomas da doença são menos típicos e mais ligeiros, confundindo-se com os de outras doenças virais.

A evolução da mononucleose infecciosa é, em geral, favorável com evolução para a cura, embora a febre e outros sintomas possam persistir por mais de duas ou três semanas. Há, no entanto, formas que evoluem de modo arrastado durante meses ou que se complicam com agravamento da situação clínica. Podem surgir, no seu decurso, problemas neurológicos, cardíacos, hepáticos ou renais. Uma complicação pouco frequente mas grave é a ruptura do baço, na sequência de um traumatismo que pode ser ligeiro. Por este motivo, o repouso e a limitação da actividade física são importantes nas primeiras semanas de doença, quando o baço está inchado e mais sensível.

Como se faz o diagnóstico da mononucleose infecciosa?
A base do diagnóstico da mononucleose é o quadro clínico, constituído por febre mantida, amigdalite e aumento de volume dos gânglios e, por vezes, do fígado e baço. Perante a suspeita clínica, o médico deverá pedir análises de sangue que podem sugerir ou confirmar o diagnóstico de mononucleose infecciosa.

Que tipo de tratamento deve fazer um doente com mononucleose infecciosa?
A mononucleose infecciosa, como muitas outras doenças virais, é uma doença auto limitada, ou seja, evolui para a cura sem qualquer tratamento específico. Não existindo actualmente nenhum medicamento eficaz contra o vírus de Epstein Barr, o tratamento a efectuar destina-se apenas a aliviar os sintomas, como a febre e as dores.O repouso na fase aguda da doença é importante, não só porque a fadiga é um sintoma muito frequente, mas também para facilitar a recuperação do organismo e prevenir o risco de eventual traumatismo do baço que, se estiver aumentado de volume, pode romper causando uma hemorragia grave.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Doenças do Sistema Imunitário
Reacções Alérgicas
Mastocitose
A mastocitose é uma afecção em que os mastócitos, células produtoras de histamina que participam nas reacções imunes, acumulando-se nos tecidos da pele e, por vezes, em outras partes do corpo. O mais frequente é esta situação se limitar à pele, especialmente nas crianças, mas pode afectar outros orgãos (estômago, intestinos, fígado, baço, gânglios linfáticos e até os ossos).
As formas mais raras de mastocitose podem estar associadas a uma doença grave do sangue (como a leucemia, o linfoma, a neutropénia ou uma doença mieloproliferativa) ou a afecções muito graves chamadas leucemia de mastócitos e mastocitose agressiva.
Em cada 10 pessoas com mastocitose comum 9 sofre de urticária pigmentosa (pequenos pontos de cor castanho-avermelhada dispersos por todo o corpo, que costumam causar urticária e vermelhidão quando se esfregam ou coçam).
O início das manifestações da mastocitose pode ocorrer em qualquer idade, porém, em mais da metade dos pacientes é visto entre o nascimento e os 2 anos e felizmente a mastocitose na infância é considerada, na maioria das vezes, uma condição benigna, cuja apresentação característica é essêncialmente cutânea.
- Qual a sua causa ?
Desconhece-se a origem da mastocitose. Com o passar dos anos acumulam-se cada vez mais mastócitos e isso provoca um aumento gradual da sintomatologia, a qual, de qualquer modo, pode ser controlada durante décadas através de medicação. Algumas pessoas afectadas de mastocitose têm dor nas articulações e nos ossos e tendem a sofrer de graves reacções alérgicas, inclusive sintomas semelhantes aos da anafilaxia.
Será lógico pensar que estes doentes obrigatóriamente vão sofrer de úlceras pépticas e diarreia crónica porque o seu estômago produz demasiada histamina.

- Tratamento
O principal objetivo do tratamento de todas as categorias de mastocitose é o controle dos sinais e sintomas determinados ou provocados pela liberação dos mediadores dos mastócitos. Os pacientes devem sempre evitar e prevenir o uso de agentes degranuladores dos mastócitos. Tanto em adultos quanto em crianças, os antagonistas dos receptores H1 são úteis em reduzir prurido, flushing, o sinal de Darier e a taquicardia. Se forem insuficientes, a adição de um antagonista H2 pode ser benéfica. Apesar disso, muitas vezes os sintomas persistem, em parte pela incapacidade de bloquear os efeitos dos altos níveis de histamina e a presença de outros mediadores. O cromoglicato dissódico inibe a degranulação dos mastócitos e pode ter alguma eficácia no tratamento, particularmente no alívio dos sintomas gastrintestinais, apesar de não diminuir os níveis séricos ou urinários de histamina.
Outros tratamentos citados na literatura, são o uso de cetotifeno, como estabilizador da membrana celular dos mastócitos e com propriedades anti-histamínicas; adrenalina, usada nos episódios de colapso vascular; tratamento fotoquimioterápico com psoraleno e ultravioleta A, que induz uma diminuição temporária dos mastócitos dérmicos; interferons associados ou não com corticóides sistêmicos, para pacientes com mastocitose sistêmica. Glicocorticóides tópicos podem ser usados na UP (urticária pigmentosa) extensa ou na mastocitose cutânea difusa. O número de mastócitos diminui à medida que as lesões se tornam mais claras; elas eventualmente podem recorrer após o término do tratamento, mas a melhoria pode durar mais de 1 ano. Nas crianças, os corticóides tópicos devem ser usados em pequenas áreas e com muita cautela, pelo risco de supressão adrenal devida ao uso crónico.


Os casos de complicação e morte do paciente são raros e podem deve-se a hipotensão secundária à degranulação maciça dos mastócitos, precipitada por algum agente. Entre esses agentes, poderiam ser relacionados as toxinas bacterianas secundárias a uma sepsis.
Síntese:
A mastocitose é de ETIOLOGIA desconhecida, é uma situação rara e que só muito esporadicamente afecta vários membros da mesma família, não distingue sexos. As formas cutâneas são geralmente próprias da infância.
A Mastocitose pode assumir 3 formas:
1. Cutânea,
Esta por sua vez pode assumir a forma clínica de :
-Urticária pigmentosa ( UP ).
-Mastocitonia solitária
-Talangectasia macularis eruptiva pestens
-Mastocitose cutânea difusa
2. Sistémica
3. Maligna ( leucemia mastocítica)

Os mastócitos são celulas derivadas dos precursores hematopoiéticos que se encontram na derme e em diferentes orgãos e tecidos. Estas celulas expressão à sua superfície o receptor que se une à porção Fc do Anticorpo IgE de alta afinidade. Os mastocitos quando reconhecem antigénios específicos sofrem desgranulação e libertam os diferentes mediadores infalmatórios armazenados nos grânulos ( dos mastócitos) tais como Histamina, Heparina, Prostaglandina D, Serotonina, Acido Hialurónico, Leucotrieno C4, o factor activador das plaquetas e o TNF alfa (factor de necrose tumoral alfa). É esta situação última que se pretende evitar e uma vez que ela pode ser desencadeada por outros factores não imunológicos importa saber quais.

- Factores que favorecem a Desgranuação dos Mastócitos:
Estímulos físicos:
Exercício
Fricção da pele
Banhos quentes ou frios (mudanças bruscas de temperatura
Bebidas quentes
Comidas picantes
Álcool
Fármacos:

Aspirina
AINE
Codeína
Morfina
Relaxantes Musculares
Polimixina B
Tiamina
Quinina
Tubocurarina
Escopolamina
Procaína
Opiáceos
Outros:
Raios X
Polímeros de alto peso molecular endovenosos (dextrano)
Stress
Toxinas bacterianas
Picadas de medusa e insectos (mosquitos, vespas e abelhas)
Ingestão de Carangejo ou Lagosta
Parasítas ex: Ascaris lumbricoides

sexta-feira, 14 de setembro de 2007



ICTERÍCIA - Cor amarela das mucosas e da pele

O que é a icterícia ?
A cor amarela da esclerótica dos olhos, das mucosas e da pele é consequência do aumento da bilirrubina, no sangue e nos tecidos, acima dos valores normais. Os nossos glóbulos vermelhos são destruídos 120 dias depois de nascerem na medula óssea. Todos os dias nascem e são destruídos glóbulos vermelhos no nosso organismo. Um dos produtos da destruição dos glóbulos vermelhos é a bilirrubina que é captada pelas células do fígado e eliminada pelas vias biliares até ao duodeno. Se a destruição dos glóbulos vermelhos é muito grande ou se há um obstáculo no fígado ou nas vias biliares que dificulte a passagem da bilirrubina para o duodeno, ela aumenta no sangue e dá a cor amarela às mucosas e depois à pele.

Icterícia deriva do grego Íkteros nome dado ao verdelhão, um pássaro de plumagem verde-amarela.

Quais as causas da icterícia ?
Muitas doenças podem causar icterícia: doenças do fígado, doenças das vias biliares e doenças que provocam hemólise dos glóbulos vermelhos. O médico para concluir qual a causa duma icterícia interroga o doente, pede análises ao sangue e quando necessário recorre a outros exames ( Ecografia, TAC , CPRE, biopsia hepática, etc. ). Por vezes, este estudo, pode demorar dias ou semanas, até se chegar a uma conclusão mas, com os meios de diagnóstico de que hoje dispomos ( bioquímicos e de imagem ), é raro não se conseguir um diagnóstico correcto, a curto prazo. A icterícia é pois, um sinal comum a muitas doenças, e não uma doença. Algumas dessas doenças são auto-limitadas ( curam sem necessitarem de tratamento, como acontece com a Hepatite A ) outras necessitam de tratamento médico e outras de tratamento cirúrgico. Icterícia não é sinónimo de hepatite. Na maior parte das vezes, as hepatites, nem sequer, apresentam icterícia.

Um naco de prosa:
... Amarelo só fiquei quando tive hepatite, felizmente do tipo A, daquelas que se curam quase sempre sem sequelas. Foi então que se fez luz ! Afinal um dos temas das minhas palestras era sobre doentes ictéricos, daqueles que ficam com a pele e os olhos cor de canário. Vou escrever sobre o prazer de os restituir à cor natural. Infelizmente existem muitas doenças que se tratam cirurgicamente quando os doentes ficam amarelos. Desde as simples pedras na vesícula, que às vezes pregam partidas e resolvem emigrar ou inflamar a sua casa natural, até aos mais complicados tumores que entopem as vias excretoras da bílis, quer ao nível dos próprios canais, quer quando atravessam o pâncreas antes de desaguar no intestino. Também há doenças do próprio fígado que são causa de "doenças amarelas". É um grande desafio o tratamento destes doentes que pode variar desde o simples tirar da vesícula, agora quase sempre feito pela técnica dos buraquinhos ( laparoscopia ), até à substituição do fígado doente por um novo, de uma pessoa que já morreu e não precisa dele para nada. É isto que se chama um transplante hepático. Assistir depois de um transplante ao "destingir" destes doentes é um sinal de que tudo correu bem e dá um enorme prazer. Qualquer cidadão sabe que estar amarelo e com a urina cor de vinho do Porto não é bom sinal. Ao ver-se ao espelho o doente sabe imediatamente que algo não está bem. Está amarelo e procura o médico por razões óbvias. No caso de ser operado sabe também como o seu cirurgião se as coisas estão ou não a correr bem. Trata-se de constatar a mudança da cor e de ouvir os familiares e os amigos opinarem: " Estás a ficar melhor, estás muito menos amarelo!". Para a febre amarela há hoje vacina. Para a hepatite B também e é um verdadeiro crime os pais não vacinarem os filhos, sobretudo quando se aproxima a adolescência. Operar os doentes amarelos é portanto uma das minhas missões...
Eduardo BarrosoCrónica ( fragmento ) publicado inicialmente no DN e depois no livro " Prazeres " - Dife

ICTERÍCIA DO RECÉM NASCIDO - AMARELÃO

O que é?
Icterícia é uma condição comum em recém-nascidos. Refere-se à cor amarela da pele e do branco dos olhos que é causada pelo excesso de bilirrubina no sangue. A bilirrubina é um pigmento normal, amarelo, gerado pelo metabolismo das células vermelhas do sangue.
A criança fica ictérica quando a formação de bilirrubina é maior do que a capacidade do seu fígado de metabolizá-la.
Quais são os sintomas da icterícia?
A icterícia normalmente aparece ao redor do segundo ou terceiro dia de vida. Começa pela cabeça e progride para baixo. A pele de um bebé ictérico ficará amarela primeiro na face, depois no tórax, no abdómen e, finalmente, nas pernas. O branco dos olhos de uma criança também poderá ficar amarelo.


Como se reconhece que uma criança está com icterícia?
Um teste simples para icterícia é apertar suavemente com a ponta do dedo a ponta do nariz ou a testa da criança. Se a pele permanece branca (este teste funciona para todas as raças) não há icterícia; se a cor for amarelada, você deve levar sua criança ao pediatra para ver se a icterícia é significativa e requer algum tipo de tratamento. Na presença de pele muito amarelada, há necessidade de exames de sangue para avaliar a intensidade, fazer um diagnóstico mais preciso do tipo de icterícia e indicar o tratamento mais adequado.
Porque existe preocupação com uma criança com icterícia?
O acúmulo deste pigmento acima de certos limites é extremamente tóxico para o sistema nervoso, podendo causar lesões graves e irreversíveis.

Tipos de icterícia
Há vários tipos de icterícia no recém-nascido. Os mais comuns são os seguintes:
Icterícia fisiológica (normal):
Ocorre em mais de 50% dos recém-nascidos. Esta icterícia é devida à característica própria do bebés que leva a um metabolismo lento da bilirrubina. Geralmente surge entre o 2o e o 4o dias de vida e desaparece entre a 1a e a 2a semana de idade.
Icterícia da prematuridade:
Ocorre com muita frequência em bebés prematuros uma vez que eles levam muito mais tempo para conseguir excretar a bilirrubina eficazmente.
Icterícia do leite materno:
Em 1% a 2% de bebés alimentados ao peito, pode ocorrer icterícia causada por substâncias que reduzem a excreção intestinal da bilirrubina. Começa geralmente ao redor dos 4 a 7 dias de vida e pode durar de 3 a 10 semanas.
Por incompatibilidade de grupo sanguíneo (Rh ou ABO): a icterícia por incompatibilidade muitas vezes começa já durante o primeiro dia de vida. Incompatibilidade de Rh causa a forma mais severa de icterícia, sendo prevenida com uma injeção de imunoglobulina anti-Rh (RhoGAM) à mãe dentro das primeiras 72 horas após o parto. Isto impede a formação de anticorpos que poderiam colocar em risco os próximos bebés.



Prevenção de complicações da icterícia
O pediatra da sua criança deverá ser procurado imediatamente se:
A icterícia for identificável durante as primeiras 24 horas de vida.
A icterícia alcançar os braços ou pernas.
Seu bebé apresentar febre.
Sua criança começa a parecer doente.

Procure seu médico se:
A cor ficar mais forte depois do 7o dia.
A icterícia não tiver desaparecido após o 15o dia.
Seu bebê não estiver ganhando peso suficiente.
Você estiver preocupada pela intensidade da icterícia.
Você tiver qualquer dúvida - de qualquer tipo - quanto à saúde do seu bebê.


Como se trata?
Se a icterícia for de níveis leves a moderados, por volta de 5 a 7 dias de vida o bebé terá resolvido a icterícia sozinho.
Se a icterícia atingir níveis mais altos, fototerapia ( banhos de luz ) pode ser necessária.
Também podem ser recomendadas alimentações mais frequentes para ajudar a criança a eliminar a bilirrubina pelas fezes.
Em alguns casos, seu médico pode lhe pedir para interromper a amamentação ao seio temporariamente. Durante esse tempo, você pode esgotar os seios com uma bomba, assim você pode manter a produção de leite do peito e você poderá começar a amamentar novamente assim que a icterícia tenha diminuído. Em alguns casos, uma troca de sangue pode ser necessária para eliminar o excesso de bilirrubina do sangue do bebé.
Raros casos não têm tratamento satisfatório sendo que alguns necessitam intervenção cirúrgica.
Prognóstico
Quando atendida em tempo, a situação pode ser totalmente controlada sem deixar sequelas.