quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Veterinária
Como não matar o seu gato !

Muitas vezes há a tentação de, extrapolar a utilização de medicamentos de uso humano, para os animais, em situações que nos parecem semelhantes. Um exemplo disso é a utilização da célebre Aspirina.
O ácido acetilsalicílico inibe a enzima COX-1, o que vai limitar a produção de prostaglandinas. Com a redução da inflamação há também uma diminuição da dor e do desconforto inclusive se este for provocado por uma elevação da temperatura.
Nos gatos esta situação também se verifica só que o tempo de semi-vida do ácido acetilsalicílico é muito mais prolongado do que no ser humano atingindo cerca de 44,6 horas ( comparativamente no cão este tempo é bem menor cerca de 7 a 8 horas). Assim sendo é fácil perceber que o risco de intoxicação por acumulação é elevado. Poderá surgir então: Depressão, Vómitos (por vezes com sangue), Taquipeneia, aumento da Temperatura corporal, depressão muscular, Ataxia, Coma e Morte em apenas um ou dois dias.
Nem mesmo a administração doseada e repartida por dias está isenta de perigos como irritação gástrica e hemorragias podendo surgir casos de úlceras e perfuração gastrointestinal.
As drogas anti-inflamatórias não esteróides (AINE´s) reduzem a função das plaquetas por inibição da sua secreção e agregação em virtude de diminuirem a síntese do tromboxano e da prostaglandina plaquetária. Além disso estas drogas em dose tóxica causam, por vezes, hepatite tóxica e como é no fígado que ocorre a síntese de alguns dos variados factores de coagulação isto vem agravar a situação.
Não existe um antídoto específico o que há a fazer é induzir o esvaziamento gástrico provocando emese ou por lavagem gástrica. O desfecho é usualmente fatal.
Por isso a expressão " toma uma aspirina que isso passa" nos gatos poderá ser traduzida como "toma uma aspirina e passas para o outro lado"