domingo, 29 de julho de 2007

Ácido Fólico \ Vitamina B9 \ Folatos

Quando, em 1941, investigadores nos EUA isolaram do espinafre um factor responsável pela estimulação do crescimento do Streptococcus lactis sugeriram o nome de Ácido Fólico ( do latim folium para folha ) não imaginavam ainda a sua importância como vitamina para os humanos.


Antes deles outros investigadores já haviam isolado de extractos de fígado e levedura um agente curativo para a anemia macrocítica e factor de crescimento para frangos para Lactobacillus casei e para Streptococcus lactis mas as designações dadas por eles ( Vitamina M, Vitamina BC, Factor U ) não perduraram até hoje.


Em 1945 fica demonstrado que o Ácido Fólico cura a anemia megaloblástica da gravidez mas só em 1991 fica estabelecido que um suplemento de ácido fólico reduz a possibilidade de deficiência do canal neural em mulheres que já deram à luz uma criança com esta deficiência.



Já todos nós sabemos a importância do Ácido Fólico nos nossos dias mas;

- Quais de nós devemos fazer um suplemento de ácido fólico ?

- Quais os medicamentos que podem interferir com a sua absorção ?

- Quais os efeitos de um nível baixo de ácido fólico no organismo ?

Para responder a estas e outras questões vamos saber o que é, quais as suas fontes, e como é absorvido no nosso organismo.


O que é quimicamente?



O ácido fólico cujo nome químico é ácido pteroilglutâmico, pertence ao grupo das vitamínas do Complexo B, ainda é referido como folacina, vitamina B9 designações já em desuso. Actualmente o termo "Folatos" é utilizado para englobar todos os membros desta família que tem em comum o ácido pteróico ligado a um ou mais moléculas de L-glutamato.



Fig. 12

Qual a sua função ?

A função dos folatos é actuar no metabolismo de compostos de um carbono, sendo essencial para a biossíntese de purinas e da primidina tímica, vital na formação de glóbulos vermelhos (formação e manutenção de eritrócito e leucócito) e conversão de proteínas em energia.
São necessários para o crescimento e divisão celular, recuperação de doenças, funcionamento perfeito do trato intestinal. Transmissão de traços hereditários. Aumentam a lactação, podem retratar o embranquecimento dos cabelos se ingerindo junto com a B5 e o PABA. Oferece proteção contra os parasitais intestinais e intoxicação alimentar.

Quais são as suas fontes ?


Os folatos podem ser encontrados em muitos alimentos mas as fontes mais ricas são o fígado, os vegetais de folha verde escura, os feijões, o gérmen de trigo e a levedura, também pode ser encontrado na gema do ovo, no linho, em sumo de laranja e no pão integral (de trigo).

Importante é saber que os folatos presentes nos alimentos estão numa forma instável os vegetais frescos armazenados durante apenas 3 dias, à temperatura ambiente, já podem ter perdido 70% da sua actividade em folato. Outra forma de ocorrerem perdas é pela cozedura com extração da água ou pelo próprio aquecimento.

Uma vez no organismo ele apenas é armazenado no fígado e em pequenas quantidades, é por isso que, uma dieta pobre em ácido fólico pode originar uma deficiência em apenas alguns meses.


Como é absorvido ?


Os folatos da nossa dieta estão na forma de poliglutamato ( o n da figura 12 vai variando) e é assim que chegam ao intestino. Como é uma vitamina hidrossolúvel é de prever que tenha dificuldade em passar as nossas membranas celulares de natureza lipídica. Assim tem de existir um mecanismo para que entre na celula do intestino e daí passe à corrente sanguínea. Foi identificada uma proteína membranar ( PCFT/HCP1) que transporta os folatos do meio ácido do intestino delgado até ao interior das células intestinais.

No mundo ocidental um défice de ácido fólico pode ocorrer com frequência porque não se comem verduras cruas suficientes. As pessoas que sofrem de doenças do intestino delgado, sobretudo a doença de Crohn e o doença Celíaca, podem ter dificuldades para absorver o ácido fólico. Alguns medicamentos, como os antiepilépticos e os anticoncepcionais orais, também diminuem a absorção desta vitamina.

Quem deve fazer um suplemento de ácido fólico e quais os medicamentos que interferem com a sua absorção ?

Do que foi descrito sob a forma de absorção do ácido fólico já dei algumas pistas sobre isto mas, certamente, vai ficar surpreendido se lhe disser que, por exemplo, quem toma a pílula pode ver os seus níveis de folatos reduzidos por interferências várias, isto também se aplica a que ingere álcool em excesso ou até quem apenas toma medicamentos para baixar o colesterol, (ex: colestiramina ) ou agentes anti-epilépticos, também a sulfasalazina (uma sulfonamida usada no tratamento da colite ulcerosa). Outra situação habitual hoje em dia é a toma de anti-ulcerosos e anti-ácidos.

Então podemos aceitar a existência, à priori, de grupos de risco. Os Doentes de Crohn, Doentes Celíacos são um grupo que já possui outras deficiências nutricionais em resultado da má absorção desempenhada pelo seu intestino. Quem tem "problemas de estômago" estará certamente neste grupo. Para finalizar as Grávidas e mães que Amamentam também são um grupo de risco para um baixo nível de folatos em virtude de haver perdas para o leite e de ser necessário um grande aporte de folatos para o crescimento e renovação celular nesta etapa da vida. Há também situações que podem contribuir para uma melhor absorção dos folatos tais como um adequado aporte de Vitaminas do grupo B e da tão conhecida Vitamina C, esta além disso pode fornecer o meio redutor necessário à preservação dos folatos na dieta. Uma dieta pobre em ácido ascórbico será, provavelmente, pobre em folatos.

- Quais os efeitos de um baixo nível de folatos no organismo ?

O ácido tetrahidrofólico ( n = 4 ) é a forma activa dos folatos no organismo e actua como Coenzima em numerosas reacções metabólicas essenciais. Algumas como o metabolismo dos a.a. fundamentais para a síntese proteíca ou a síntese dos ác. nucléicos os famosos DNA e RNA que transportam a informação genética no nosso organismo.

A deficiência dos folatos numa fase inicial pode manifesta-se por cansaço, irritabilidade e perda de apetide, como vemos pode passar facimente desapercebida. Por isso vamos analisar a deficiência grave em folatos, essa sim, leva num curto período a uma anemia megaloblástica, uma doença na qual a medula óssea produz glóbulos vermelhos grandes e imaturos. Uma vez deixada sem tratamento pode ser fatal.

Uma situação aguda de deficiência em folatos pode surgir quando se fazem alguns tratamentos com antagonistas dos folatos aqui surjem perda de apetite, dores abdominais, enjoos e diarreia, podem até desenvolver-se úlceras dolorosas na boca e na faringe, alterações de pele e perda de cabelo. A nível geral uma deficiência crónica gera quase sempre problemas neurológicos com demência e depressão.

- Qual a Dose Diária Recomendada ?

A OMS recomenda: 25 a 35 mg de folatos / dia para bebés.

50 a 150 mg para crianças.

200mg homens.

180mg mulheres.

600mg mulhere grávias.

260 a 280mg mulheres a amamentar.

- Utilização Terapêutica

Para situações de risco de deficiência de folatos são recomendados suplementos de ácido fólico ( ou em alguns casos de àcido folínico ) de 400 a 500 mg. Durante a gravidez são utiliazadas doses até 5mg por estar demonstrado a redução de incidência de malformações do feto, especialmente as deficiências do canal neural ( malformações do cérebro e medula espinal).

terça-feira, 24 de julho de 2007

Cidade do Porto





Parque da cidade do Porto.

Um espaço verde, em movimento!

Faça a travessia pedestre através do parque, no final vai encontrar o famoso Castelo do Queijo. Não resisti a um geladinho na rotunda, estava uma delícia. À vinda, pode optar por subir a Avenida da Boavista e desfrutar de uma das mais belas avenidas do país ( já sou um fanático pelo Porto )




Novo feito do velhinho!




sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sempre e mais sobre o Chá (no seu sentido lato) !

Pontos em contradição...aparente ?
Um erro muito vulgar é aconselhar a utilização de plantas medicinais em INFUSÃO. Este erro é tanto mais grave quanto esta disseminado por toda a parte por pessoas "entendidas na matéria" se assim for quando se apelam às propriedades dos princípios activos das "ervas" com que são feitas as infusões estamos a laborar num erro. Apenas estaremos a beber água tingida pela clorofila ou um corante da planta e algum gosto característico dessa planta.
Devemos proceder a um cozimento pois só assim vamos extrair os químicos que se encontram nessas plantas.

Sendo assim é fácil, mas, quanto será o tempo ideal de cozedura ?

Raizes, cascas, sementes e talos devem cozer durante cerca de 30 minutos.
Para flores, folhas e sumidades floridas bastam 10 a 15 minutos.

domingo, 8 de julho de 2007

Chá verde é um tipo de chá feito a partir da infusão da erva Camellia sinensis. É chamado de verde porque as folhas da erva sofrem pouca oxidação durante o processamento, o que não acontece com as folhas do chá preto.
Algumas outras ervas são vendidas a título de chá verde, porém o verdadeiro chá verde é o feito a partir da folha do arbusto Camellia sinensis.
Muito popular na China e no Japão, há pouco tempo começou a ser consumido com maior frequência no ocidente, tradicional consumidor de chá preto, devido tanto a uma tendência orientalista, quanto às propriedades anti-oxidantes a ela atribuídas.

Preparação de um Chá Verde.

A preparação do chá verde difere, um pouco, dos chás tradicionais. A água não deve estar fervendo, pois de contrário as folhas acabam sendo cozidas e proporcionando um gosto amargo à bebida. O tempo de infusão também não deve ser superior a 3 minutos.
Olá, bom dia a todos.
Parte IV

(ainda sobre o chá)



O chá é a infusão de folhas ou botões da planta Camellia sinensis, geralmente preparada com água quente. Cada variedade adquire um sabor definido de acordo com o processamento utilizado, que pode incluir oxidação, fermentação, e o contato com outras ervas, especiarias e frutos.
A palavra "chá" é também usada popularmente para referenciar qualquer infusão de fruto ou erva, mesmo não contendo folhas de chá, como, por exemplo, o chá de camomila.




Aqui vamos debruçar-nos sobre o 'verdadeiro' chá.


Breve nota histórica

A utilização do chá, ao que parece, começou por ter um carácter medicinal e o seu uso como bebida, preparada a partir da infusão das folhas de chá, data de há milénios. Segundo a lenda deve-se ao imperador chinês Shen Nung (2737 A C.) a descoberta das propriedades estimulantes da folha do chá. O tratado de Lu Yu, primeiro tratado sobre chá com caracter técnico, escrito no séc. VIII durante a dinastia Tang ajudou a imortalizar o papel da China como responsável pela introdução do chá no mundo. Nele foram estipulados pela primeira vez uma série de preceitos de caracter técnico. No inicio do séc. IX a cultura do chá foi introduzida no Japão por um monge budista, Saicho, que trouxera da China algumas sementes. A cultura resultou com êxito e desenvolveu-se rapidamente. Produziu-se então nestes dois países, China e Japão, uma evolução extraordinária, Talvez única na história dos produtos de consumo humano e que tocou não só o domínio técnico e económico mas também, e principalmente, os domínios artístico, poético, filosófico e mesmo religioso, envolvendo o consumo de chá nestes dois países, mas principalmente no Japão, um cerimonial por vezes complexo mas sempre de grande significado.A Europa só conheceu o chá num passado mais recente. As referências mais antigas que se encontram na literatura europeia respeitantes ao chá devem-se a Marco Polo no relato da sua viagem assim como a seu compatriota Ramusio, em escritos que datam de 1559, e ao português Gaspar da Cruz que a ele se refere numa carta dirigida ao seu soberano. A sua introdução neste continente só se veio a verificar no início do séc. XVII, em consequência do comércio que então se estabelecia entre a Europa e o Oriente. Teriam sido os holandeses a trazer pela primeira vez o chá à Europa, sendo responsáveis pela intensificação do seu comércio mais tarde desenvolvido pelos ingleses. O chá era importado por intermédio da famosa “Tea English East Indian Company”, que detinha o monopólio do comércio de chá com a Ásia e que em 1715 se estabeleceu em Cantão passando a gozar de uma situação privilegiada. Esta manteve-se até 1833, altura em que se viu forçada a procurar novas fontes de abastecimento; virou-se então para as possessões da Inglaterra na Ásia (India e Ceilão) onde introduziu a cultura, primeiro na India e depois em Ceilão.Na Inglaterra, o seu consumo intensificou-se rapidamente e a partir de meados do séc. XVIII o chá tornou-se a bebida de eleição de todas as classes sociais. É de sublinhar a popularidade que ainda hoje goza neste país, sendo bem conhecido o lugar que esta bebida ocupa na vida de todo o cidadão britânico.A sua popularidade estendeu-se aos países onde a influência inglesa se fez sentir, primeiro nos EUA depois a Austrália e o Canadá Actualmente o chá é a bebida mais consumida em todo o mundo.Em território português, presentemente, o chá só é cultivado em S. Miguel nos Açores onde a cultura, que se pratica desde finais do século XIX, é feita contudo em pequena escala. Apesar de no Continente ter sido tentada a sua cultura, nomeadamente no Minho e no Alentejo, hoje restam apenas algumas destas plantas, que existem com carácter ornamental. BotânicaA planta do chá é designada por Camellia sinensis (L.) O. Kuntze e botanicamente pertence à família Theaceae. A planta do chá é lenhosa e de folhagem persistente. As folhas são alternas, de pecíolo pequeno, elípticas, dentadas e normalmente coriáceas, apresentando-se glabras ou ligeiramente pubescentes na página inferior ao longo da nervura principal. As suas folhas mais jovens e os gomos, parte da planta utilizada na produção do chá comercial, são cobertos por um fino indumento branco e sedoso que mais tarde vem a desaparecer. É este indumento, aliás, que está na origem do nome dado ao gomo terminal : Pekoe, da palavra chinesa pak-ho que significa cabelo ou penugem.As flores, pequenas, são brancas, geralmente com 4 ou 5 pétalas, aromáticas e aparecem nas axilas das folhas em grupos de 2,3 ou 4.O fruto é uma cápsula tricoca com 2 ou 3 cm de diâmetro. Dada a grande dispersão que a planta sofreu desde o início do seu cultivo até aos nossos dias e a livre hibridação entre os vários tipos geográficos, não tem sido fácil para os botânicos a descrição das variedades existentes. Contudo, atendendo ao factor geográfico, consideram três variedades principais de Camellia sinensis, que podem ser reconhecidas na região de origem desta planta. São elas : var. sinensis (chá da China), var. assamica (chá de Assam) var. assamica ssp. lasiocalyx ( chá do Cambodja ou Indochina). Estas variedades cruzam-se entre si originando múltiplos híbridos.





Flôr e folhas de Camellia sinensis (planta do chá).




A Produção do chá nos AçoresEm 1874, chegaram aos Açores (Ilha de S. Miguel) as primeiras sementes de C. sinensis- a planta do chá- e, alguns anos mais tarde, foram chamados dois especialistas chineses que se dedicaram a ensinar aos fabricantes locais as técnicas de preparação das folhas. Todas as variedades de chá provêm dos rebentos jovens desta planta, as diferenças derivam do clima, do período da colheita e do tratamento a que são submetidos posteriormente.Chegaram a funcionar na Ilha de S. Miguel mais de uma dezena de plantações com fábrica própria. Entre elas encontrava-se a Gorreana que é actualmente, a única plantação com fábrica de chá de toda a Europa.A Gorreana explora 23 hectares, uma área capaz de produzir cerca de 40 toneladas de chá seco. São necessários em média, cerca de 4 Kg de folhas de chá fresco para obter 1 Kg de chá seco pronto para infusão. A Gorreana produz chá verde e chá preto ortodoxo, assim designado porque durante o processo de transformação das folhas estas ficam na sua maioria, enroladas e inteiras- tal como acontecia com o chá que era trabalhado com as mãos e não por meio das novas tecnologias, que deixam as folhas partidas ou esmagadas.O processo de transformação tradicional ortodoxo do chá compreende várias fases:a) Emurchamento- esta operação tem como objectivo murchar a folha, ou seja, fazê-la perder água por evaporação, para que não quebre durante a fase seguinte de enrolamento. As folhas são estendidas em camadas finas em tabuleiros sobre redes metálicas através das quais se faz passar uma corrente de ar quente, a temperatura contralada, forçada por ventiladores. As folhas pelo emurchamento perdem cerca de 25-50% do seu peso, este processo demora cerca de 16 a 24 horas;b) Enrolamento- esta operação consiste em enrolar a folha. A destruição das membranas celurares permite o contacto dos vários componentes químicos com as enzimas. O enrolamento começou por ser manual, mas actualmente é feito numa máquina, esta consiste essencialmente, numa mesa e num tabuleiro onde se colocam as folhas e uma tampa que exerce pressão sobre elas. Um movimento de rotação faz girar a mesa e o tabuleiro em sentidos contrários. As folhas passam em seguida por um crivo que desfaz os aglomerados de folhas e separa as folhas mais finas das mais grossas, que voltam, geralmente a ser enroladas. As que passam pelo crivo seguem para a fermentação. Este processo demora cerca de 30 minutos mas pode ser repetido 2 ou 3 vezes, pois se o chá ficar insufecientemente enrolado origina infusões mais fracas.c) Fermentação- as folhas são espalhadas em camadas de altura variável de 2,5 a 10 cm sobre uma superficie de cimento, de ripado ou em tabuleiros de alumínio. A fermentação exige a presença de oxigénio (trata-se em termos químicos de uma reacção de oxidação) e uma temperatura que não exeda os 27 ºC, além de uma atmosfera húmida. A fermentação demora cerca de 2 a 3 horas. d) Secagem- esta operação tem como principal objectivo, parar a fermentação. A sua duração depende da humidade da folha, normalmente demora cerca de 20 minutos, a 90 ºC. A secagem faz-se mediante uma corrente de ar quente que atravessa os tabuleiros. e) Escolha, armazenagem e embalagem- Depois de arrefecidas, as folhas são separadas de acordo com os seus diferentes tamanhos. Esta separação é efectuada geralmente em crivos rotativos ou pratos oscilantes associados a máquinas que quebram as folhas e outras que aspiram poeiras ou corpos estranhos. O chá édepois armazenado em tulhas ou silos até à altura de ser embalado.A selecção das folhas dá origem aos diferentes tipos ou graus de chá preto. Entre outros, destacamos os diferentes tipos de chá preto produzidos pela Gorreana (Açores), o Orange Pekoe (feito a partir do gomo apical e da 1ª folha do rebento, muito enrolado, resultando numa rica infusão, com sabor e perfume delicados), o Pekoe (originário da 2ª folha tem um paladar e aroma menos acentuado ) e o Broken Leaf (feito a partir da 3ª folha e de folhas partidas, é menos aromático mas mais suave). O chá verde difere ligeiramente no processo de transformação, após a colheita as folhas são sujeitas a um processo de “steaming”, que consiste na aplicação de vapor de água o que leva à inactivação de enzimas (polifenol oxidades), impedindo a fermentação (ou mais correctamente a oxidação). As folhas são depois enroladas, secas e de novo enroladas. Ficam no final, com uma cor verde-azeitona, escura e inteiras.





Rebentos jovens de Camellia sinensis usados para a produção do chá.






Plantação de chá (Plantações Gorreana, São Miguel, Açores).






Tabuleiros onde se processa o emurchamento do chá.






Enrolador de chá.


Tabuleiros onde se processa a fermentação do chá.



Secagem das folhas de chá.



Crivos que separação as folhas de chá de acordo com o seu tamanho, dando origem aos diferentes tipos de chá preto.

Máquina que gera vapor, onde se colocam as folhas de chá e se desenrola o processo de “steaming” que inactiva as enzimas responsáveis pela fermentação, originando assim chá verde.



Selecção e embalagem do chá.



Composição Química do chá.

Na composição de um rebento de chá, cerca de metade da matéria seca é insolúvel em água e dela fazem parte a fibra bruta, celulose, proteínas, gorduras, amido, etc. Por sua parte a matéria seca insolúvel em água contém polifenois, aminoácidos, cafeína, açucares e ácidos gordos. A cafeína é um composto que pertence ao grupo dos alcalóides derivados das purinas. Na sua forma pura a cafeína é uma substância cristalina que apresenta um gosto amargo. Entre os efeitos da cafeína no organismo humano é de salientar a sua acção estimulante do sistema nervoso central. A folha de chá contém teores normalmente compreendidos entre 2,5 e 5,5 %. Nos grãos de café anda à volta de 1,5 %. O teor em cafeína varia nas diferentes partes do rebento da planta. É maior no gomo terminal e 1ª folha, decresce sucessivamente nas folhas menos jovens e é mínima no caule. O seu teor não se altera significativamente durante o processo de fabrico do chá preto.Os polifenóis são componentes da folha do chá que se encontram em doses mais elevadas chegando a atingir cerca de 30% da matéria seca dos rebentos. Simultaneamente estes compostos são também os mais importantes e característicos da folha do chá porque são os principais intervenientes nas alterações químicas que ocorrem durante o processo de fabrico do chá. É neles que têm origem uma série de outros compostos qualitativamente importantes para as características do produto final e também da bebida resultante.A maioria dos polifenóis identificados nos rebentos verdes da planta pertencem ao grupo dos flavanois ou catequinas, são essencialmente a matéria que irá ser oxidada durante a fermentação.Foram identificados vários flavanois na folha verde do chá, entre os que existem em maior quantidade encontram-se a catequina, galhocatequina, epicatequina, epigalhocatequina e os ésteres gálhico dos dois últimos compostos, respectivamente galhato de epicatequina e galhato de epigalhocatequina.Os flavonois encontram-se em pequenas quantidades nas folhas verdes; incluem a quercitina, o quempferol e a miricitina e ainda, os 3- glucósidos derivados destes compostos.Entre os ácidos fenólicos e seus derivados identificados nas folhas de chá referem-se o ácido clorogénico, o ácido elágico e o ácido p-cumarilquínico, entre outros. O teor de polifenois do rebento varia de acordo com vários factores, um deles é a idade da folha e restantes porções do rebento, as variações sazonais e ao ensombramento.Dentre os aminoácidos presentes no chá o mais abundante é a chamada teanina, identificada como 5-N-etilglutamina. Um outro grupo muito importante são as enzimas, em particular as responsáveis pela oxidação dos polifenois e das catequinas durante a fermentação.Na folha encontram-se diversas vitaminas entre as quais a riboflavina (vitamina B2) que se mantém durante o processamento do chá. Também contém ácido ascórbico (vitamina C), que é totalmente oxidado durante o processo de fermentação.


In "Projecto Ciência Viva" da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.















Se quiser saber mais sobre a cultura do chá nos Açores

http://www.gorreana.com
Parte II
Outras Informações sobre as origens do chá.

CHÁS E INFUSÕES

O chá mais antigo de todos, conhecido como chá preto, foi descoberto na China há quase 5.000 anos. Trazido para a Europa pelos Portugueses e desenvolvido pelos Ingleses, o chá preto é hoje consumido por pessoas de todo o mundo: pelo seu sabor, pelas suas propriedades preventivas ou curativas, porque ajuda a relaxar ou porque estimula o corpo e a mente, muitas razões são invocadas.
Segundo as lendas chinesas, a descoberta do chá e das suas qualidades benéficas terá acontecido quando o imperador Shen Nung, por volta do ano 2737 AC, decidiu experimentar o resultado da queda acidental de uma folha de árvore em água a ferver: uma infusão refrescante e revitalizante.
A palavra chá em Português refere-se normalmente a infusões de folhas de várias plantas, como camomila ou cidreira, para além das próprias folhas da planta do chá. Temos inclusive o famoso "chá de limão", obtido a partir da casca desse fruto (também conhecido em algumas regiões de Itália, onde dá pelo nome de "canarino").

OS BENEFÍCIOS DO CHÁ
Vários estudos foram já realizados, e muitos outros são agora desenvolvidos, sobre os vários benefícios que cada tipo de "chá" pode trazer para a saúde. Há infusões de plantas que têm uma acção calmante, outras diurética, outras ainda digestiva. O chá contém flavonóides, que agem como antioxidantes - e vários estudos mostram que estes componentes podem ajudar a prevenir o aparecimento de várias doenças.
A investigação científica relativa aos eventuais benefícios do chá na saúde encontra-se ainda numa fase preliminar, pelo que é difícil saber exactamente quais os benefícios que poderão advir para a sua saúde dependendo da quantidade de chá que beber.
Recentes estudos mostraram uma associação entre o consumo de chá e uma redução do risco de doenças do coração. Por outro lado, algumas descobertas sugerem que a ingestão de chá tem um papel importante na prevenção de várias formas de cancro.
O chá contém cafeína, um estimulante activo e habitual causador de bem estar, embora a infusão de chá verde ou preto contenha menos cafeína do que o café. Note, no entanto, que se consumir elevadas doses de chá com cafeína por dia poderá ter sintomas como irritabilidade, insónia, palpitação cardíaca ou tonturas - como em tantos outros casos, é no meio que se encontra a virtude.
Os "radicais livres" são substâncias nocivas que se formam naturalmente no corpo e no meio ambiente, por acção do sol, poluição do ar, alimentos fritos ou grelhados no carvão. Os antioxidantes ajudam a proteger o corpo dos efeitos por eles causados.
O chá é o único alimento sem contra-indicações para pessoas saudáveis.

TIPOS DE CHÁ

O chá preto é o mais popular. É produzido a partir da planta Camellia Sinensis, através de processos naturais de secagem, fermentação e oxidação. O chá preto é totalmente fermentado (o nome de chá preto deve-se à cor castanha escura acobreada que as folhas adquirem no final do processo). O chá Oolong é parcialmente fermentado, deixando um sabor delicado. O chá verde não é fermentado, e produz um sabor límpido e aromático.
Chá Preto - uma das mais conhecidas variedades é o English Breakfast, um chá forte, habitualmente tomado com um pouco de leite.
O seu consumo regular previne a ocorrência de ataques cardíacos e enfartes. Reduz níveis de colesterol no sangue.
Chá Verde - normalmente proveniente dos países asiáticos. Uma das variedades mais conhecida é o China Green Pekoe, que tem um sabor forte, fresco e ligeiramente adocicado; deve ser bebido simples, a qualquer hora do dia. Menos forte, o Japan Bancha é muito aromático, e de sabor doce e frutado. Pode ser bebido às refeições ou como refresco. O chá Gorreana (do tipo Orange Pekoe), produzido nos Açores, para além de muito saboroso é ainda um dos mais ricos em antioxidantes. A Gorreana tem a particularidade de possuir a única fábrica de chá da Europa.
É importante na prevenção do cancro, em casos de colesterol alto, cáries e gengivites (fluoreto). Protege contra um grande número de infecções fúngicas, bacterianas e virais (como as vulgares constipações). É bom para o trato digestivo e circulação sanguínea, torna mais lúcido o raciocínio. Pode interromper a diarreia. Previne a formação de pedras na vesícula e nos rins. Normaliza a função da tiróide. Facilita a regeneração da pele. Melhora a respiração dos asmáticos (por acção da teofilina).
Por outro lado, deverá limitar a ingestão de chá verde se tiver problemas de estômago, complicações cardiovasculares, tendência a cólicas ou ataques de ansiedade.
Chá Oolong - proveniente da China e Taiwan; o mais conhecido é o China Oolong (também conhecido como "China Ti Kwan Yin", ou "Chá da Deusa de Ferro da Misericórdia"): este é um chá muito especial, de sabor suave e aromático, que se deve beber simples, sem qualquer adição de leite ou açúcar.
O Chá Oolong é muitas vezes considerado um "meio-termo" entre os chás preto e verde.
Chá Branco (Sri Lanka) - este chá, bastante raro, deve ser bebido simples, após as refeições, como digestivo, ou como um leve chá da tarde.
Chás aromatizados - são feitos através da adição de sabores ao chá preto, verde ou Oolong. O mais famoso é o Earl Grey, conseguido através da adição de bergamota ao chá preto. O English Breakfast é também bastante conhecido, e o Lapsang Souchong tem-se tornado também bastante popular.

TISANAS E INFUSÕES

As tisanas e as infusões são os métodos mais usuais de preparar "chás de ervas". Para além de saborosos, estes preparados podem contribuir para melhorar a nossa saúde.
Na tisana, as ervas são colocadas numa chaleira ou panela com água a ferver; depois de tapar, deixa-se ferver durante mais 5 minutos; depois de retirar do fogo, deve deixar-se repousar durante alguns minutos. A infusão é preparada deitando água a ferver sobre as ervas contidas num recipiente, e deixando repousar durante cerca de 15 minutos.

Em seguida apontam-se vários dos benefícios mais conhecidos atribuídos a alguns tipos de "chá de ervas".

Açafrão - Alívio de dores menstruais.
Alcachofra - Digestivo. Fígado, vesícula biliar.
Alecrim - Alivia dores de cabeça. Anti-fadiga. Estimulante, excelente para recuperação de fadiga. Tome em caso de sinusite, bronquite, constipação, asma, anemia. Digestivo.
Alfazema/Lavanda - Relaxante. Analgésico. Anti-depressivo.Estimulante, anti-espasmódico, tónico e anti-séptico. Tome em caso de febre.
Barbas de milho - Diurético, vias urinárias. Calmante.
Beladona - Alívio de dores menstruais.
Bergamota - Constipações. Auxilia digestão. Tome no caso de pele oleosa.
Bolsa de pastor - Combate a tensão baixa. Tome em caso de hemorragias uterinas, diarreias.
Camomila - Calmante, relaxante. Alivia dores de cabeça. Combate ansiedade e depressão. Dores musculares. Acidez no estômago. Vista cansada. Desintoxica o fígado. Regula os intestinos. Alivia cólicas intestinais nas crianças. É tónico e estimulante. Tome no caso de urticária.
Cardo Mariano - Digestivo. Cirroses. Fígado, vesícula biliar. Combate a febre. É diurético e sudorífero.
Carqueja - Indicado para dores de estômago, digestão difícil, problemas no fígado e rins, diabetes. Possui efeitos diuréticos e depurativos. Desintoxicante. Melhora a capacidade física e de raciocínio. Revigorante das funções genitais.
Cavalinha - Diurético, vias urinárias, remineralizante, repôe o cálcio.Úlceras gástricas. Próstata.
Cidreira / Erva Cidreira / Melissa - Relaxante, calmante. Digestivo. Alivia dores de cabeça. Anti-depressivo. Febres, gripes, constipações. Auxilia o processo de nascimento. É sedativo, combate gases intestinais, tosse, perturbações urinárias, histerismo, debilidade geral. Ajuda a combater a insónia e as crises nervosas. Acalma o estômago. Antiespasmódica.
Crataegus / Espinheiro Branco - Combate a hipertensão arterial, problemas cardíacos, taquicardia, palpitações. Calmante. Tome em caso de insónias, vertigens.
Dente de leão - Digestivo. Fígado, vesícula biliar. Antiasmático.
Eucalipto - Vias respiratórias, anti-séptico.
Erva-Doce - Suave calmante, digestivo, elimina os gases intestinais e o mau hálito, alivia cólicas intestinais nas crianças.
Flor-de-laranjeira - Calmante.
Flor-de-Sabugueiro - Febres, constipações, dores osteo-musculo-articulares.
Freixo - Vias urinárias, drenante. Combate a gota e o reumático.
Funcho - Digestivo. Gastrites, úlceras, cólicas intestinais. Alivia cólicas intestinais nas crianças.
Gengibre - Constipações. Dores musculares. Dores de cabeça. Febre. Anti-fadiga. Problemas gastro-intestinais.
Ginkgo Biloba - Microcirculação cerebral, zumbidos, memória. Anti-depressivo.
Ginseng - Energizante, afrodisíaco. Anti-fadiga. Melhora o sistema imunitário. Tome em caso de insónias. Alivia efeitos da menopausa.
Jasmim - Digestivo. Relaxante. Anti-depressivo. Tome no caso de pele seca.
Limão - Antioxidante. Calmante. Combate a acidez orgânica.
Malva - Alívio de dores menstruais.
Manjerona - Calmante. Propicia bem-estar. Tom em caso de azia, falta de apetite.
Menta / Hortelã-Pimenta - Alivia a tensão física, acalma os nervos e as dores de cabeça. Energizante. Excelente para a digestão. Congestões. Acidez no estômago. Soluços. Ressaca. Tosse.
Pau d'arco - Anti-cancerígeno, anti-anémico, anti-fadiga, melhora a qualidade do sangue.
Perpétuas roxas - Anti-inflamatório. Dores de garganta, rouquidão, laringites, bronquites.
Pés de cereja - Drenante, vias urinárias.
Pinheiro - Problemas nas vias respiratórias. Anti-séptico.
Rosa canina - Calmante para o corpo.
Parte I

Chá, uma prazer que dá Saúde.
Das ilhas de lava nasce um chá de soberbo paladar. É na costa norte da ilha de São Miguel que se encontram as únicas plantações de chá da Europa para fins industriais. Crê-se que as primeiras sementes foram trazidas do Brasil para os Açores na segunda metade do séc. XVIII. Por longo tempo o chá foi usado somente como planta ornamental, mas no ano de 1878, e por iniciativa da Soc. Promotora da Agricultura Micaelense, chegaram a S. Miguel dois chineses com o objectivo de ensinar a transformação industrial do chá. O interesse foi crescendo, chegando a existir seis fábricas para além de outros pequenos produtores. A fábrica de chá Porto Formoso, fundada por Amâncio Machado Faria e Maia, laborou entre os anos 20 e 80. Em 1998 os actuais proprietários iniciaram as obras de recuperação da fábrica, de interesse no Património Industrial da Região. O chá, cuja designação botânica é camellia sinensis, uma espécie semelhante e com folhas idêntica à conhecida flor ornamental camélia japónica, da variedade China, pode crescer até aos trinta metros, pelo que naquele país oriental treinavam macacos para apanhar as folhas e lancarem-nas para recolha no solo; hoje em dia, a planta é mantida a uma altura de um metro para facilitar a colheita. Apesar de não haver pragas ou doenças na Região Autónoma dos Açores o cultivo do chá requere condições especiais principalmente no que concerne à poda e à desponta da colheita, de modo a produzir folha de qualidade. A apanha é feita de Abril a Setembro, coincidindo com a época de pouca pluviosidade, o que resulta num crescimento lento do rebento e num chá de superior qualidade. Após a apanha, as folhas são levadas para a fábrica, onde são transformadas em folhas de infusão através de processos naturais totalmente isentos de aditivos. O processo de transformação tradicional ortodoxo compreende várias fases: o murchamento da folha, que é feito sob ventilação para desumidificá-la; a rolagem, a oxidação ou fermentação, que tem a duração de três horas, seguidos da secagem que acontece a 90ºC ; da selecção e do empacotamento, nesta fase os três tipos de chá, Orange Pekoe, Pekoe e Broken Leaf, ainda estão misturados e são seleccionados manualmente.



Mais das nossas ilhas maravilhosas.
Decidi começar com o que de melhor temos em Portugal. Não, não é a nossa saúde (que é o tema deste Blog) mas sim as nossas belezas naturais. Como em Portugal continental já são escassas, vim encontra-las nos Açores.